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HISTÓRIA DA FEDERAÇÃO

Por Sensei Alcino Lagares

PRECEDENTES

Para melhor compreensão de como se originou a Federação Mineira de Aikido, acredito ser necessário primeiro mencionar como ocorreu a chegada do Aikido na minha vida, portanto relacionando sua fundação com a minha carreira (de cadete a coronel) na Polícia Militar de Minas Gerais. Aos 16 anos comecei a treinar Judo (no aspecto esportivo e também no de arte marcial, Goshin Jitsu) sob a direção do saudoso capitão Albano sensei, 6.º Dan (tendo sido judoka do Minas Tênis Clube por vários anos, nas categorias de Kyu e de Dan e também tendo recebido do shihan Kihara, 8.º Dan, certificado de “Kime no Kata”, formas técnicas antigas de Judo que, além de defesas contra ataques a mãos livre, incluem “Tachi Dori”, ou seja o Uke portando Katana). Conheci o Aikido, assistindo uma apresentação no Rio de Janeiro, em 1969, quando cursava Educação Física (na Escola de Educação Física do Exército). Evidentemente eu gostei muito da apresentação e me interessei pela arte marcial, tendo até adquirido um livro de Aikido. Mas, nesse tempo, não havia nenhum Dojo de Aikido em Minas Gerais. Quando era capitão, entre 1979 e 1983 fui o chefe da segurança pessoal do governador do Estado (o doutor Francelino Pereira, de saudosa memória). Foi somente após aquele governo que, duas noites por semana, eu pude começar a treinar Aikido sob a direção do sensei Ichitami Shikanai, então recém-chegado a Belo Horizonte, no Dojo do “Campeões Judo Clube” (em horários cedidos gentilmente pelo saudoso mestre de Judo, Mitsugu Iwafune) e, nessa ordem, cursei uma pós-graduação na Polícia Militar, servi no Batalhão de Choque, trabalhei no Comando de Policiamento da Capital (planejando operações) e na Academia da Polícia Militar em Belo Horizonte (como instrutor de Defesa Pessoal). Por suas ótimas qualificações, em 1985, recomendei o sensei Shikanai para um cargo de professor de Defesa Pessoal na Polícia Militar, o qual ele exerceu por aproximadamente 10 anos. Em 1988 fui comandar o 17.º Batalhão (em Uberlândia) e, em 1991, já no posto de coronel, o 5.º Comando Regional (em Uberaba). Periodicamente, eu vinha a Belo Horizonte e treinava do Dojo Nakatani (do Shikanai sensei) e ele ia, vez por outra, ao Triângulo Mineiro (em Uberlândia e, depois, em Uberaba) para orientar meus treinamentos, tendo também me colocado em contato com alguns de seus alunos de Brasília, DF, faixas pretas com alguns dos quais eu treinava sempre que tínhamos oportunidades (mais frequentemente com Cilmo sensei e Coutinho sensei). Foi ali, no Triângulo Mineiro, que encerrei minha carreira na Polícia Militar (após 30 anos de serviços). A transferência para o Quadro de Oficiais da Reserva (QOR) fez nascer a oportunidade para que eu pudesse estender a filosofia e a prática do Aikido além dos quartéis da Polícia Militar, começando em 1994 por Uberlândia. Dentre os vários iniciantes (Mu Kyu) encontravam-se _ além de meu filho Rômulo sensei, que está sempre me acompanhando nas artes marciais (e hoje é 4.º Dan, sensei do Dojo Bu Toku Den e professor da Polícia Militar em Belo Horizonte) _ Ana Maria (atualmente sensei de Aikido em Portugal), Marcus Vinícius (atualmente sensei de Aikido no Canadá) e Oldair Amadeu (atualmente sensei de Aikido em Uberlândia, cujo Dojo é ligado à Academia Central em São Paulo). Acaso... destino... uma força superior... como saber? Certo é que, nestes mais de 70 anos, “a vida” me fez nascer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos e netos, escrever livros, plantar árvores, ajudar algumas pessoas a aprender, residir em várias cidades... e voltar a Belo Horizonte. Uma das cidades pelas quais passei e pude ministrar Aikido foi Barbacena onde, entre outros, iniciaram-se e chegaram à Faixa Preta de Aikido: Leonardo, Beto, Ricardo Pereira, Marcelo e Paulo Ricardo. Começavam a se expandir os grupos de praticantes: além de Uberlândia, Barbacena e Belo Horizonte, em Teófilo Otoni o tenente Soares Júnior, 1.º Dan de Aikido (meu aluno desde cadete na Academia da Polícia militar) iniciara um Dojo. Para melhor coordenação, foi necessário fundarmos, no último lustro do século XX, uma associação: a “Associação Shintenobukai”. Na associação, cada praticante recebia uma “carteirinha” de identidade de aikidoka contendo sua foto e respectiva graduação. Naquele tempo, para melhor nos qualificarmos, viajávamos (de carro, ou em micro ônibus fretado) para São Paulo, por ocasião de eventos organizados sob a direção do Shihan Reishin Kawai, ou trazíamos mestres a BH (da Academia Central de São Paulo, Sérgio Furuyama sensei e Kawai shihan; do Japão, Masatake Fujita shihan e outros). Furuyama sensei (sem receber quaisquer honorários!) nos apoiava corajosamente e, além de vir de São Paulo a Belo Horizonte, chegou a nos acompanhar a Teófilo Otoni para ministrar um seminário de Aikido. Chegamos ao ano 2002, quando ocorreu um marco qualificativo no Aikido: vindo do continente africano, mudou-se (no mês de março) para o Brasil Claude Noel Walla sensei (então, 5.º Dan), o qual passou a ser o Shidoin do Dojo Sakura em Barbacena e Diretor Técnico da Associação Shintenobukai. A tendência era de se expandir cada vez mais o Aikido em Minas Gerais (nesse tempo, Beto sensei iniciara também um Dojo em Juiz de Fora e outro em Santos Dumont) e decidimos transformar a associação numa federação.

FUNDAÇÃO DA FEDERAÇÃO

Em 19 de junho de 2003 _ “com a finalidade de praticar e difundir o Aikido (...) proporcionar ascese no plano moral, autodefesa no plano físico e como forma de contribuir para o aperfeiçoamento da humanidade, a proteção de todos os seres vivos, e para a paz entre as pessoas” _ foi fundada a Federação Mineira de Aikido, entidade sem fins lucrativos, com o CNPJ N.º 07.250.688/0001-07 e cujo estatuto obteve seu registro no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas em 30 de dezembro de 2003. Claude sensei e eu fomos eleitos respectivamente Diretor Técnico e Presidente da Federação Mineira. Para possibilitar o endereço físico da nova entidade, sem ônus para a federação, Rômulo Lagares de Souza Côrtes sensei cedeu as instalações do Dojo Bu Toku Den. Em 2007, com a Lei número 9391de Belo Horizonte, conseguimos que a Federação Mineira se tornasse reconhecida como “Entidade de Utilidade Pública”. Em 2008 (em maio), o Ministério do Esporte reconheceu a Federação Mineira de Aikido como entidade oficial de Aikido em Minas Gerais, a qual foi cadastrada no “link” "ENTIDADES DE DESPORTO" do sítio eletrônico: www.esporte.gov.br, tornando-se no Brasil a única entidade de Aikido cadastrada naquele Ministério.


RELAÇÕES COM O HOMBU DOJO

Foram feitos vários esforços para obtenção de reconhecimento oficial da Federação Mineira pela Fundação Aikikai do Japão, ora através da boa vontade do saudoso shihan Masatake Fujita, 8.º Dan (que era o secretário geral do Hombu Dojo), ora através da gentileza do shihan Christian Tissier, então 7.º Dan (que levou pessoalmente nossos documentos ao Japão). Também, durante alguns anos, houve significativa troca de cartas e e-mails entre o Departamento Internacional da Fundação Aikikai (em Tóquio, na pessoa do diretor assistente, M. Tani) e a Federação Mineira de Aikido (através de seu presidente em Belo Horizonte). Nesse ínterim, para obtenção de “passaportes” do Hombu Dojo, recorremos algumas vezes à gentileza de Breno Oliveira sensei, 6.º Dan, do Instituto Shimbukan de Aikido (São Carlos, SP), o qual também compareceu a Belo Horizonte para ministrar seminário e para participar de Banca Examinadora da Federação (inclusive compondo a Banca de minha apresentação para obtenção do 5.º Dan). Além das citadas comunicações, duas cartas (em inglês) foram endereçadas por nós diretamente ao Doshu: uma em 09 de março de 2013, outra em 12 de Agosto de 2015. Nessas cartas, pleiteamos o reconhecimento da Federação e a autorização para nosso diretor técnico, Claude Walla sensei, 6.º Dan, realizar os exames de graduação com registros na Fundação Aikikai. Os primeiros resultados concretos de nossos pleitos junto à Fundação Aikikai surgiram somente em novembro de 2016, quando o diretor técnico da federação recebeu autorização parcial para proceder a exames de graduação devendo, porém, antes de cada oportunidade de exames, informar a data em que seriam realizados e enviar a relação nominal dos candidatos às graduações. Os últimos resultados vieram em janeiro de 2019, quando nosso diretor técnico obteve a autorização definitiva para ministrar os exames com inteira liberdade (ou seja, sem necessidade de comunicação prévia à Fundação Aikikai). Reproduzo, a seguir, o histórico e significativo documento, que assinala um dos mais importantes momentos da Federação Mineira de Aikido: "Dear Mr. Claude Walla, Happy New Year! Hereby Hombu delegates you to conduct Dan grading examination for the candidates listed. From now on we would like to omit the procedure of the delegation to you for your members. You do not need to submit the candidates list in advance when you conduct examination to the members of Mineira Aikido. Best regards, Makoto Ito. AIKIKAI" (Caro Sr. Claude Walla, Feliz Ano Novo! Por este meio, o Hombu o delega para conduzir exames de graduação de Dan para os candidatos listados. De agora em diante, gostaríamos de omitir o procedimento da delegação para seus membros. Você não precisa mais enviar a lista de candidatos com antecedência quando fizer o exame para os membros da Federação Mineira de Aikido. Cumprimentos, Makoto Ito. AIKIKAI" Certamente, o momento em que a Federação Mineira de Aikido receberá o reconhecimento formal da Fundação Aikikai (Hombu Dojo) está se aproximando. NOVA DIRETORIA Pelo Estatuto da Federação, a cada dois anos deve haver eleição para composição da diretoria. Acreditando ser saudável que haja renovação da diretoria, apesar de minha insistência para que se apresentassem novas “chapas” de candidatos para a diretoria, desde a fundação fui sendo seguidamente reeleito presidente. Não se apresentavam candidatos. Felizmente, em março de 2019, pudemos eleger uma nova diretoria para a Federação, a qual tem agora como presidente Luciano Senna sensei, 3.º Dan, meu aluno desde Mu Kyu (iniciante) até se tornar Yudansha (faixa preta) e é atualmente o sensei do Zanshin Dojo em Belo Horizonte. Certamente, com seu vigor juvenil, entusiasmo e inteligência, a Federação Mineira brilhará entre as entidades brasileiras de Aikido e espero que ele receba tanta lealdade quantas eu recebi. UM OLHAR PARA O FUTURO Neste mundo ainda dividido, cheio de fronteiras, no qual a ganância pelo “ter” ainda se sobrepõe ao “ser”, espero que os integrantes da Federação Mineira de Aikido continuem neste caminho (Do) como forma de contribuir para que a expressão máxima do pensamento de Morihei Ueshiba _ um mundo ainda utópico de harmonia (Ai) entre todos os seres humanos (o “paraíso terrestre”) _ um dia possa se realizar. Afinal, foram estas as palavras do Kaiso (fundador), Morihei Ueshiba (1883-1969):
“O Aikido não é uma técnica para lutar contra um inimigo ou derrotá-lo. É uma maneira de conciliar as diferenças que existem no mundo e fazer dos seres humanos uma família. Isto quer dizer que o segredo do Aikido é a busca da harmonia com o universo, é tornar-nos unos com o universo. Seus praticantes devem buscar esse entendimento por meio do treinamento diário”.

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* Lagares sensei é 5.º Dan de Aikido, coronel QOR da Polícia Militar de Minas Gerais e ex-presidente da Federação Mineira de Aikido

Federação Mineira de Aikido

DIRETORIA DA FEDERAÇÃO MINEIRA DE AIKIDO (BIÊNIO 2021/2022)

Diretor Técnico – Claude Noel Walla (7º Dan)

Diretor Presidente – Alexandre C. Gomes (4º Dan)

Diretor Vice Presidente - Ricardo M. Fernandino (4º Dan)

1º Secretário - Rafael M. Sabino (4º Dan)

2º Secretário - Anibal R. Jammal (1º Dan)

1º Tesoureiro – Robson C. Prereira (1º Dan)

2º Tesoureiro – Marco Túlio A. Gouvea (1º Dan)

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